A redução no fluxo de consumidores no Pop Center, que vinha gradualmente atingindo os lojistas, foi agravada com a pandemia de Covid-19, assim como ocorreu em outros setores. De acordo com os permissionários, os corredores estão frequentemente vazios e as dificuldades financeiras para manter os espaços têm sido muito grandes, mesmo com os descontos nos aluguéis. Agora, eles temem que, passada a situação pandêmica mais grave, os valores de locação voltem ao normal. E, como consequência do cenário, constantemente as bancas são desocupadas. Novas listas de cadastros são abertas, no entanto, não são preenchidas devido aos impasses para arcar com os custos. É o que contam os lojistas.

Atualmente, o aluguel mensal de uma banca de 2x2 metros custa R$ 684,00, além de R$ 204,17 de rateio, uma espécie de "taxa de condomínio''. Esses são valores definidos após um desconto de 30% concedido pela administração do Pop Center em razão da pandemia. Atualmente, os permissionários temem a revogação da dedução. "Nós estamos muito preocupados que os aluguéis voltem aos seus valores normais e o pessoal não consiga mais cumprir com os pagamentos", declara o lojista Fábio Freitas.

Com uma estrutura de 502 bancas, além de área de alimentação, os lojistas explicam que o Pop é responsável pela renda de 1,5 mil famílias. Uma delas é a de Maurício Moraes: "O que falta é uma visão mais sensível do Pop Center. Nós geramos emprego e renda. A minha família, por exemplo, tem um espaço comercial e nós temos três empregados. Só na soma de bancas de familiares meus, são 19 pessoas trabalhando com carteira assinada", ressalta.

Para tratar da questão, foi formada a Associação Comercial dos Lojistas do Pop Center de Pelotas (ACLPP), que busca possibilidades para atração do público ao local e contribui para gerar apoio em questões profissionais e pessoais dos permissionários. Através da ACLPP, há também tratativas com a concessionária que administra o Pop e com a prefeitura de Pelotas em busca de alternativas para os preços dos aluguéis: "A gente vem construindo um diálogo com a administração e o município sobre o retorno dos preços normais dos aluguéis. Existe uma relação boa, então estamos vendo como podemos fazer para conseguir a redução", explica Freitas.

Os permissionários ressaltam que o ingresso no Pop Center é em razão da falta de oportunidades no mercado formal de trabalho. Por isso, tentam sensibilizar e trazer a população de volta ao local, explicando que trabalham com atendimento e produtos de qualidade. A Associação usa ainda como estratégia para atrair o público diversas iniciativas como mateadas mensalmente, com disponibilização de brinquedos e outras atrações, bem como períodos de grandes promoções no estilo black friday.

"A tentativa é, apesar de muita dificuldade, manter nossos estabelecimentos com o que há de mais moderno e atrativo em roupas, eletrônicos, brinquedos, capa e produtos para celular, além de obviamente oportunizar um ambiente familiar ao cliente para efetuar suas compras", declara a ACLPP em nota.

Tratativas pelo Tudo Fácil
Diante da situação preocupante, uma alternativa proposta pela prefeitura foi a possibilidade da implementação de um Tudo Fácil Atendimento no Pop Center. O serviço é uma iniciativa para facilitar a vida dos cidadãos, reunindo em um mesmo local diferentes atendimentos públicos prestados por órgãos estaduais. A implementação da Unidade em Pelotas poderá ser a segunda na Zona Sul; a primeira foi em Rio Grande, no Partage Shopping.

De acordo com o município, a ideia partiu de uma sugestão da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) ao secretário estadual de Planejamento, Governança e Gestão, Cláudio Gastal, como forma de fomentar a atividade comercial e minimizar os efeitos econômicos causados pela pandemia ao local, considerando também o acesso popular e localização central do Pop Center.

O secretário de Governo e Ações Estratégicas de Pelotas, Fábio Machado, afirma que caso a instalação de uma Unidade do Tudo Fácil no Pop Center se confirme, poderá ser estabelecido um ajuste jurídico de mútua cooperação entre Estado e município, com a anuência da administradora do Pop Center. As tratativas do Estado com o Pop Center sobre a instalação se iniciaram em 18 de julho. No entanto, a prefeitura ainda não possui uma previsão para a implementação do serviço.